Lendas Sonâmbulas (Vinícius da Silva)
As lendas sonâmbulas perambulam
Pelo esquecimento daqueles sonhadores
E reinam feridas lembranças no seio
Intocado e virgem do não vivido
Trovões e prantos no imutável silêncio
Gritos e dilúvios ardente pesadelo.
Queimam profecias hidras e esfinges
Porém somente espelham o castigo
Divino eterno inefável, triste
A dor do homem sua face refletindo
Deus! Deus! Deus! Só me diga quem sou Eu.
Deus! Deus! Deus! Só lhe peço meu perdão.
Posto entre Inferno e Paraíso
Sou prisioneiro d’meu livre arbítrio
Condenado a livremente escolher
O que não pude querer nem mesmo perder
Trovões e prantos no imutável silêncio
Gritos e dilúvios ardente pesadelo.
Na trama só me fizestes mero signo
E no enredo da Obra sou apenas
Palavra dispensável na tua sintaxe
Corrigida sob o traçado da pena?
Deus! Deus! Deus! Só me diga quem sou Eu.
Deus! Deus! Deus! Só lhe peço meu perdão.