quinta-feira, abril 24, 2014

Lendas Sonâmbulas (Vinícius da Silva) 

As lendas sonâmbulas perambulam 
Pelo esquecimento daqueles sonhadores 
E reinam feridas lembranças no seio 
Intocado e virgem do não vivido 

Trovões e prantos no imutável silêncio 
Gritos e dilúvios ardente pesadelo. 

 Queimam profecias hidras e esfinges 
Porém somente espelham o castigo 
Divino eterno inefável, triste 
A dor do homem sua face refletindo

 Deus! Deus! Deus! Só me diga quem sou Eu. 
Deus! Deus! Deus! Só lhe peço meu perdão. 

 Posto entre Inferno e Paraíso 
Sou prisioneiro d’meu livre arbítrio 
Condenado a livremente escolher
 O que não pude querer nem mesmo perder

 Trovões e prantos no imutável silêncio 
Gritos e dilúvios ardente pesadelo. 

 Na trama só me fizestes mero signo 
E no enredo da Obra sou apenas 
Palavra dispensável na tua sintaxe 
Corrigida sob o traçado da pena? 

 Deus! Deus! Deus! Só me diga quem sou Eu. 
Deus! Deus! Deus! Só lhe peço meu perdão.